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quarta-feira, 13 de março de 2013

Minha vida seria melhor sem você?

Sem avistar você no panorama ótico do meu campo de visão as coisas são menos finitas. Os espaços se preenchem de entendimentos que eu não posso ignorar. É você ali na foto e isso transforma os meus graus de miopia num blur seletivo: eu não consigo enxergar nada que esteja a sua volta. Com você no centro ou nos cantos da minha armação. Você deixa a minha visão turva e faz com que eu desmanche a postura previsível de segurança forjada. É que você me invade num contexto que só eu compreendo. É que você me desarma e, talvez, nem faça isso por querer. Só por acaso mesmo. Pior pra mim. Se eu não ouvir o que você diz, eu faço melhor. Como se cada palavra sua fosse um guia mal informado de todas as coisas que eu deveria evitar, mas não consigo. Cada fonema sendo ditado de um jeito irregular que me deixa extasiada e eu não consigo pensar direito quando o fundo de cena é a tua voz (mesmo que seja em pensamentos, quem me dera ouvir de novo tua voz... nem que fosse de longe). Seja aqui ou do outro lado da linha, eu tento me redimir internamente e me desculpar pelas vezes em que me distraio em você. Nas suas ondas sonoras que me confortam bem mais que algum mar de águas claras do litoral. É que a vibração do seu tom me desestabiliza. E o volume me desperta num sobressalto. São mais decibéis do que eu posso suportar. Em quantos Hertz bate a sua frequência? Ah, deixa pra lá. Nem o meu isolamento acústico consegue me dessa lembrança.

Sem você os meus abraços são mais vazios. Quando fecho os olhos e finjo que você tá aqui eu descanso a cabeça com alguma paz despreocupada e sem aperto nenhum no peito. Não tem agonia e eu não preciso me apresentar para ninguém que se entrelace nos seus dedos. Não tem o medo da solidão para me corroer por dentro, em silêncio, no escuro, enquanto toca alguma música alta e a minha companhia é uma xícara de café quente. Eu posso ser mais gentil com você mesmo se você não estiver por perto. Deixo a irritação que me abate por ter você por perto sem nunca ter e me deixo deixar de ser. Deixo estar tudo bem. Porque com você eu não estava sozinha. As coisas iam até você ir embora, sem que eu pudesse escolher... se foi, está em algum lugar do céu, que eu tento encontrar todos os dias, mas não consigo... se eu pudesse pelo menos por alguns segundos! Mas, Deus sabe o que faz. A paleta de cores das minhas escalas eram as mesmas e as minhas convicções mundanas continuavam firmes e fortes. A minha atmosfera era inofensiva, mas a sua morte tinha que me fazer colidir com alguma parte de você e desestabilizar o meu alinhamento. Faltou oxigênio. E a gravidade da situação era alta demais pra chegar perto de zero. Mesmo assim, eu flutuei. Fiquei sem os dois pés no chão. Sem você eu faria o mesmo movimento cotidiano de rotação sem me importar em virar de costas e esbarrar por acaso nos seus motivos. Eu acendi uma vela pra Deus, vivendo num paraíso infernal que é a sua presença faltosa. Despretensiosamente provocante. Insistentemente desleixada. Cheia de deixa pra lá, mas vem aqui. A minha vida seria melhor sem você. Mas, sem você, o que é que me sobra? Esteja bem meu anjinho doce... guarda um lugar pra mim do teu lado, porque eu espero te reencontrar!

Eternamente Menina cor de roa do Lipe!