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sábado, 10 de abril de 2010

Acostume-se a não acostumar


A gente se acostuma a acordar cedo todos os dias, e a ficar sem as oito horas de sono necessárias. A gente se acostuma com o trânsito caótico, com o calor insuportável, com a falta de tempo e a correria. A gente se acostuma com a falta de pai e mãe, de amigo e parentes queridos. Se acostuma a não receber bom dia, e ignorar quem te ignora. A gente se acostuma com os problemas políticos e com os juros altos. Acostuma a não receber em dia e a pagar as contas atrasadas. A gente se acostuma até com os problemas de saúde. A gente se acostuma a acostumar com tudo!

A gente se acostuma a não sofrer como da primeira vez. Se acostuma a passar um dia longe, e aceitar que no outro dia tudo volta ao normal. A gente se acostuma com a cama vazia, ou até mesmo com ela cheia, quando não mais acordamos com o entusiasmo de outrora. Acostuma-se a esperar o amigo ligar, e se ele não ligar, a gente se acostuma a falar que ele sumiu, e que não gosta mais da gente. A gente se acostuma a esperar, a receber.

A gente se acostuma a trabalhar nos finais de semana e feriados, e até mesmo nas madrugadas. A gente se acostuma a engolir sapos e vespas. Se acostuma a não mandar mais mensagens como antigamente; se acostuma com a certeza, com a dúvida e com o medo. A gente se acostuma com as desavenças, com os barrancos e com os erros. Se acostuma com as manias. A gente se acostuma com o dia a dia.

Não falo sobre isso como se fosse um problema, ou uma coisa ruim. Falo disso por que é a ordem das coisas, e tudo isso acontece de maneira natural, sem que soframos muitos impactos ou sustos. Tanto é que, pouquíssimas vezes, paramos para realmente pensar sobre! A segurança, as certezas, a rotina, a sequência são fatores que fazem com que lidemos bem com isso, de forma que não há problema em acostumar-se. Adianta falar que depois de pensar tais coisas, eu irei mudar tudo? Que eu irei acampar na porta da empresa que não me paga? Que irei militar a favor da saída dos Políticos ladrões? Que irei dormir mais cedo?

Ahhh... Mas o amor [olha ele aqui de novo!]. O amor sim, faz a gente mudar, a gente melhorar, a gente, pelo menos, tentar ser o melhor para o outro. O amor de família, o amor de amigo, o amor de vida! Eu não vou me acostumar com a falta de beijo apaixonado; eu não vou me acostumar a não fazer surpresas para meu amor; eu não vou deixar que o cansaço me vença. Problemas? Todos nós temos, mas isso serve para fortalecer ainda mais o sentimento que é real, que é sincero e que já é parte inteira de você! Pelo amor, tudo! Eis aqui um pouco daquilo que eu prometo ser sempre para você! Porque o amor me move...



Decepções e fracassos





Depois de algum tempo sem escrever (aqui, claro), resolvi voltar a fazê-lo. Como se fosse uma ironia, o ‘desabafo’ de hoje é relacionado ao anterior, mesmo que seja uma outra forma de pensar a questão. Nessa hora, a gente para pra pensar: como as coisas mudam... como a gente muda! Esse mês está estranho, delicadamente frio, estranhamente solitário e detalhadamente cheio de novidades (as boas, as ruins e as péssimas).

Final de março, início de abril. A primeira coisa que se fez presente foi a dúvida. Será que teria férias? Se tivesse, será que ela seria boa? Será que haveria descanso, paz, sossego, diversão, festas, (des)encontros etc.? Tudo estava muito confuso e tudo se passava como um clarão. Ela percebia que não estava aproveitando nada, e que aquele sentimento de solidão e desespero estava tomando conta. Ainda assim, ela conseguia sorrir, fazer as piadas de sempre, entreter; se esforçava pra demonstrar que era aquele poço de confiança, segurança e destreza. Ela não sabia como lidar com nada. Ela sequer tinha domínio sobre a sua própria vida. Sim, ela estava de-ses-pe-ra-da(!); e ninguém percebia isso!

A família. Como pensar essa ‘problemática’? Como em todos os filmes de drama/romance, o ambiente familiar tinha que ser o aconchego, o alicerce e o apoio necessários. E, mais uma vez, ela não conseguia achar nada disso. Ela nunca era boa o suficiente, mas, em contrapartida, ela era ausente o suficiente. Se dar bem, crescer, alcançar, conquistar não eram coisas boas, naquele momento. Ela tinha que parar e perceber o quanto todos esperavam dela, o quanto todos cobravam . Cansava (na verdade, mais doía do que cansava) ouvir e saber que nada era suficiente... sem contar em ter que agüentar ser o que era. Não havia opções.

Os amigos. Novos, antigos, verdadeiros... ela nem sabia mais o que era realmente a amizade. ‘Definam esse conceito! Eu não acredito em vocês, e não acredito em nada do que vocês me disserem!’ Existem, no final, colegas? No subconsciente, ela pensava: desculpe aqueles que realmente consideram-a amiga... Mas há muita mágoa (ênfase!) em toda a história. Doar, tentar, analisar; ela fez de tudo, mesmo sabendo que o problema também estava com ela, e, dessa vez, ela não iria culpar o tempo, ou a falta dele. No final, ela descobrira que realmente iria ser solitária, mesmo estando com várias pessoas ao seu lado. Que desespero!

A faculdade. Conseqüência maior de seus atos, ela estava, nesse ponto, realmente preocupada! Ela assumira responsabilidades, e já que ela tinha que crescer, que fosse de uma vez; dessa vez. Isso também refletia, e reflete, em todos os seus atos e naquela sua descrença atual. Falta de léxico, de compromisso e de maturidade! Sim! Ela percebera o quão importante era, e o quanto ela gostava daquilo. Agora, nessa altura do campeonato, ela realmente estava satisfeita com a escolha feita. Talvez essa fosse a única coisa boa, atualmente. Mesmo sabendo que era ‘precoce’, ela estava sentido, estava machucada e realmente preocupada... Ela vira que não tinha sido responsável, séria, realista, ‘pé no chão’ o suficiente. Estão vendo? Essas questões sempre a atormentam, sem precisar que todos façam isso; e ainda assim todos, to-dos!, insistem em fazer.

Está bom! Ela sabe que isso não é só com ela, que as coisas são fases e que tudo muda. E sabe aquele caduco e ressentido ditado de que você tem que pensar que tem muita gente pior. Mas ela pode ser egoísta, pelo menos dessa vez, e pensar que está tudo péssimo, está tudo vazio, está tudo perdido? Ela só quer, na verdade, não se tornar fria, vazia, egoísta, descrente... Ela só quer voltar a ser o que era, quando tudo e todos eram lindos e perfeitos; quando ela sentia vontade de agradar, de esperar, de sentir... como se fosse a primeira vez, sempre! Ela gostaria de saber se expressar, de ser completa e claro... de ser aquilo que sonha ser, um dia.